Por que estais aflita, ó minh'alma?

É sempre dífícil pra mim começar a escrever alguma coisa, principalmente quando é algo que parte de mim e não uma citação de alguém. Geralmente, eu dou mais valor ao que as pessoas pensam e falam do que eu mesma. Eu sou a crítica mais cruel de mim mesma que eu já conheci.
Mas tenho sentido uma necessidade muito grande de escrever, expressar, desabafar, enfim, colocar pra fora uma coisa-que-não-sei-o-quê que tem me inquietado brutalmente a alma ao ponto de deixar-me às vezes sem vida, fazendo as coisas no automático, olhando o tempo passar...
Que bom que tenho percebido isso e tenho tomado a atitude de refletir a respeito e tratar isso. O fato de estar escrevendo agora é uma forma de entender, me olhar, me enxergar, tentar conhecer essa pessoa que se chama Vívian e que é um verdadeiro mistério pra mim.
Sou um pouco de muitas pessoas. Um pouco dos que eu convivi desde menina, dos que passaram pela minha vida e se foram, dos que me influenciam com suas opiniões escritas, cantadas, dançadas e silenciosas. Há muito o que se captar de alguém ou alguma coisa muda, sem som. Isso também me influencia.
E muitas vezes durante o dia me pergunto: isso faz de mim uma pessoa sem autenticidade? Ou a vida é isso mesmo? Catar um pouco de tudo, de pessoas, coisas e formar essa massa compacta que chamamos de "EU"? Sinceramente, não sei... iniciei uma busca por essa resposta.
Talvez, essa inquietação esteja ligada a isso, porque cada vez que me deparo comigo mesmo, percebo que ainda não me conheço o suficiente e tenho muito a percorrer. E talvez passe a minha vida tentando me conhecer sem ao menos chegar perto, sei lá. Como disse, é algo que ainda não descobri.
Mas apesar dessa angústia que a ignorância me causa, já entendi algumas coisas, já revi alguns conceitos, alguns comportamentos foram avaliados (embora ainda os tenha). Ou seja, um processo de autoconhecimento se iniciou dentro de mim e tem me tirado da superficialidade que a minha vida tinha se tornado.
Mas tem sido doloroso. Quando se encara algumas verdades em você, sangra. É como mexer em uma ferida. Mas, como todo processo doloroso, a cura também vem. E ela virá!
Agradeço a Deus por me dar olhos para dentro. Era o que eu precisava, mais do que qualquer coisa.
Enxergar esse ser completamente dependente, carente, perdido, cheio de inconstâncias, cheio de si, e se aceitar e viver pacificamente sem neurose, culpa ou angústia. E assim o processo prossegue.
Mas já vejo alguns frutos brotando dessa crise existencial em que me encontro. Um dos frutos é a paciência.
Preciso esperar. Não adianta desesperar. Ou se matar. Até porque amo viver. Acordar todos os dias sabendo que a misericórdia do Eterno é sobre mim e que foi-me dada um nova oportunidade para recomeçar e continuar a caminhada é o bem mais precioso que eu recebo dia após dia.
E nisso descansa o meu ser.

Que fique registrado no dia de hoje essas palavras. Quem sabe amanhã eu escreva novamente, ou não.

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