FALANDO DE REJEIÇÃO...




“A rejeição dói demais. 
Tô aqui lembrando algumas experiências na infância e comparando com as de agora.
A dor é a mesma!”
[Postagem minha no Facebook, em 21 de outubro de 2012]

Quando tinha 7 anos de idade, minha mãe colocou-me numa aula de reforço.
Eu estudava de manhã e fazia esse reforço à tarde.
Lembro-me que no primeiro dia, minha mãe orientou-me a seguir um pessoal que o fazia nesse mesmo lugar. Eram quatro primos e eles eram os "metidos a besta" da rua da casa da minha avó. Vai vendo...
Bem, como minha mãe falou, esperei  que eles passassem para, então, segui-los até o lugar da aula.
Ficava a alguns metros da casa da vovó. Era a tia Ana (professora).
Eles passaram e eu os segui. Até aí, tudo bem.
Lembro que pensei que deveria ir atrás deles mais uma vez porque estava insegura e com medo de me perder.
Não me recordo se foi na segunda ou na terceira vez, mas um deles, notando que eu ia atrás, parou e disse: “Pára todo mundo!” E olhando pra mim, disse: “Ei, você. Passa! Ninguém te quer perto da gente.” E eu passei e fui. Nos dias seguintes, criei coragem e fui pra aula sozinha.
Sete anos. Primeira rejeição da minha vida. Depois daquele dia, minha autoimagem se distorceu.
Não quero entrar nesse detalhe. Até porque eu cresci e me descobri amada por Deus. Hoje, adulta (?), a gente aprende a driblar esse sentimento, aprende a fazer gestão. Administra. Trata.
Mas uma criança de sete anos não deveria passar por isso. Quantos pensamentos, tormentos, desalentos assombravam minha cabecinha infantil. Pensava que aquelas palavras (“ninguém te quer perto da gente”) era um pensamento geral. Achava que todos pensavam assim. 
Claro, menos minha mãe. Mas o resto...
Nunca contei pra ela. Guardei comigo. 
Enfim... 
Hoje lembrei disso e fiquei com pena de mim menina. Fiquei com pena de tantas outras meninas, tão livres, felizes, puras, que são violentadas na sua alma com esse tipo de experiência.
Como uma mulher de 36 anos, posso lhe dizer que já sofri outras rejeições: amorosas, profissionais, de amizades, familiares, etc, etc, e pensando sobre isso, percebi que a dor é igual, é a mesma. Vai rasgando tudo por dentro. Prende-nos a esse momento, àquelas pessoas. Adoece-nos. Revolta-nos.
Como mulher, tenho as ferramentas que a vida dá para, não sem sofrimento, superá-las.
Mas, e uma criança?
Criança é pra ser amada, acolhida, beijada, sacudida no ar.
Criança só quer ser cuidada, alimentada, divertida, amada por outras crianças.
Rejeitada, não. Nunca!
Se eu tivesse esse poder, pouparia um serzinho inocente desse trauma.
O mundo é injusto, eu sei. E isso é só uma das milhares de injustiças que assola a todos nós.
Fui salva pela misericórdia do Pai, eu creio. E se assim foi comigo, estou certa de que está sendo com tantos outros pequeninos que passaram e passam por isso ou por coisa muito pior.
Lugar de criança é no "Vilarejo".





Manaus, 21 de outubro de 2012. 23h42min. 

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